segunda-feira, 29 de março de 2010

Lapidar

Ontem vi meu anjo ir embora. De costas, as asas caídas, as penas sujas, os olhos vermelhos, o rosto dolorido.
Lembrei-me que te procurei pelo mundo. Mas as duras penas vi que estava ali ao meu lado e fiz lhe de simples carinho.
Do riacho tirei seixos, lapidei, cortei e fiz o brilho de seus olhos.
Da cortina de seda fiz seus cabelos.
E da antiga japona tirei o veludo para sua pele.
Do ouro de minhas riquezas adornei-te.
E do simples coração amei.
E hoje a cena foi tão triste que ate a lua veio deixar prata à noite pra ver se meus soluços doloridos vinham a se acalmar.
Lembrei quando você pensava que eu era seu herói e dizia: Aqui lhe entrego meu coração dele jure ser eterno guardião, jamais ferir e que seja de igual proteção, acalanto, docilidade e que essa prece jamais seja em vão.
E tu pensavas que eu era forte, mas a força de quem lhe protege é igual à carência dos frágeis.
Eu que jurei sua proteção, hoje infeliz choro solitário, clamo ver sua face trigueira, os olhos amendoados, e a boca sorridente com sabor de cacau.
Espero você aqui de coração aberto. Retorne anjo, retorne.

1 comentários:

Teka Égea disse...

Sem palavras. Juro que esse se encaixou perfeitamente para mim hj....

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