sábado, 20 de março de 2010

Mal do século

Olhos que de tristeza empalideceram, de paixão avermelharam, e de indiferença preferi cegá-los. Quando a dor que solta pela juguleira e de fraca a voz faz-se lenir ao meio da saliva que esvoaça nas palavras berrantes. As mãos que suaram; hoje soam pedindo que a morte amiga fiel de infeliz sorte lhe traia e que de flerte com a paz de espírito saia correndo esguias e esquivas pelos guetos e largos de minhas cãs ainda negras. Sorve lúgubre alma com meu libré enodoado do tempo que a fantasia ainda me caia em ótimos cortes de cetim e me fazia algodão, antes lucubrava em nosso amor. Rebentos de minha cólera hoje em rebalso de pouca luz e grande tristeza incrustada em cada tronco. Desfaleço em lousa fria de recanto meu abrigo de antes pavor; hoje casa eterna moradia. Enterro a alma, o coração e corpo. Hoje de maneira diferente ainda amo a flor que vela meu corpo que frio e putrefato. Antes onde era hábil na corriqueira labuta, se fez dono de mão hábil pra lhe tirar dor escarlate que vinha junto ao ar dos pulmões. Diante de tal fraqueza me fiz detento de claustro eterno. Herege ao tempo perdoa-me por frágil opção. Aos cantos dos malditos me fiz nota segura e me tornei ao tempo das tragédias partitura de canção doce e delicada.

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